Sébastien Joachim

Este blog é um meio de comunicação entre o professor e seus alunos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Disciplina de Sébastien Joachim 2010


Universidade Federal de Pernambuco

Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística
Primeiro Semestre de 2010

Disciplina: Poética do Imaginário
Carga horária: 60 horas, 2ª feira –AM- das 8:30 às 12:30.

Ementa:
Mostrar que, nas malhas da literatura e da arte, segundo Gilbert Durand,Mircea Eliade e Paul Ricoeur, se elabora junto ao ato de criação um processo de simbolização e de mitização que envolve imanência e transcendência.

Programação
Ninguém ignora, em qualquer cultura que seja, que o mundo começou por uma palavra performativa. O ato de criação se inscreve na analogia deste ato de fala que abre sobre um mundo, o da obra em a sua forma-conteúdo.A Mitodologia ou as Formas Antropológicas do imaginário de Gilbert Durand solidamente referenciadas em inumeráveis especialistas, entre outros Gaston Bachelard e Mircea Eliade,Carl-Gustavo Jung e Paul Ricoeur, nos introduzirão à uma forma de crítica literária chamada Mitocrítica.
Em primeiro lugar, estudaremos a Imaginação produtora, pelo canal das noções de “schèmes”, arquétipos, símbolos, imagens e suas concatenações Em segundo lugar, faremos algumas aplicações a partir de alguns textos literários.Temos em mente explorar o tema do Paraíso perdido em estreita ligação com a simbólica do mal no mundo.
Fórmula pedagógica: Exposição magistral entrecortada pelas intervenções dos participantes
Protocolo de avaliação: exposição de cada aluna/o.A exposição terá como conteúdo um aspecto teórico e uma aplicação.

Bibliografia
OBS.-Os textos básicos são aqueles que são precedidos de um asterisco.
1)BERRIO, Antonio Garcia. Teoría de la Literatura, Madrid:Cátedra, 1994.[cf.especialmente os capítulos:Atividade fantástica, p.429-471; Imaginar, p.472-571+]
2)BOIA, Lucian. Pour une histoire de l´imaginaire. Paris: Les Belles Lettres, 1998.[Neste livro, o autor apresenta 8 Arquétipos que atravessam as culturas e que relacionam o humano com o infra-humano e o transcendente: parece ser uma fonte inesgotável de pesquisa]
*3)BRUNEL, Pierre.Dicionário de mitos literários.Rio de Janeiro:José Olympio,1997,939p.
3)BRUNEL, Pierre. Mythocrítique. Paris :PUF,1992
4)CHAUVIN, Daniele, André Siganos et Philipe Walter (org.).Questions de Mythocritique. Paris: Imago, 2005. 372p. (são estudos redigidos pelos mestres no domínio do imaginário, inclusive o professor J-J. Wunenburger)
5)DURAND, Gilbert. Mito, Símbolo, Mitodologia. Lisboa: Editorial Presença, 1982.
*6a)DURAND, Gilbert. A imaginação simbólica. São Paulo: Cultrix, 1980
*6b)DURAND,Gilbert.Introdução ao Dicionário de Símbolos de GUERBRANDT,A .e
CHEVALIER, J. Rio de Janeiro: José Olympio,1976,
*7)ELIADE, Mircea. Aspects du mythe. Paris:Folio-Essais, 2005/1963 (tradução portuguesa na Perspectiva, Col. Debates.)
8)ELIADE,Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo :Martins Fontes,1995.
9)HORTA,Luiz Paulo (org,) Sagrado e Profano.Rio de Janeiro:Agir,1994.
10)KNOWLES, Christopher.Our Gods Wear Spandex.The secret history of Comic Book Heroes..San Francisco:Weisser books,2007.( os novos deuses do panteão dos Quadrinhos)
*11)LEGROS,P;MONNEYRON,F;RENARD,J-B;TACUSSE,L,P. Sociologia do imaginário. Porto Alegre,2007. Cap.VI: Imaginário e concepção do mundo (Mitos na História e na política;religião e imaginário;ciência e imaginário) Cap.VII.”Ficção e imaginário (Sonho e devaneio”,”Literatura e imaginário”, “Os seres fantástico”).P.208-258.
12)MAGALHÃES, Antònio Carlos. PORTELLA, Rodrigo. Expressões do sagrado.Aparecida-SP: Santuário, 2008
13)-MONNEYRON, Frédéric. Mythes et Littérature. Paris: PUF, 2002.
14)MORIN,Edgar (org.) A religação dos Saberes. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil,2002.
15)-PARIZET, Sylvie (org.). Mythe et Littérature. Paris: SFLGC, Sorbonne, 2008
16-RELIGIOLOGIQUES, revue de Sciences Humaines et Religion, Université du Québec à Montréal, N°4,1992 : Littérature et Sacré ( avec une étude de Sébastien Joachim).
*17a)-RICOEUR, Paul. Anthologie.Paris:Seuil,2007. Destacamos a introdução de Michel FOESSEL: « Paul Ricoeur ou les puissances de l´imaginaire », p.7-22.
*17b) RICOEUR, Paul .Finitude e Culpabilité:La symbolique du mal.Paris:Aubier,1988.
*18)-ROCHA PITTA, Danielle Perin. Iniciação à teoria do imaginário de Gilbert Durand. Rio de Janeiro: Atlântica,2005
19-TESSIER, Robert. Paradis et enfer: une approche socio-religiologique de l´aire sémantique de l´outre-mort dans les journaux québécois. Religiologiques, N°3, Montréal, Automne 1991, 111-136. Um apaixonante estudo com uma metodologia apurada sobre a simbólica do sagrado nos jornais do Québec
*20) WATT,Ian. Mitos do individualismo moderno. Fausto. Dom Quixote, Dom Juan, Robinson Crusoe. Trad. Mario Pontes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997
21WUNENBURGER,Jean-Jacques.L´imaginaire.Paris:PUF,2003.
22)WUNENBURGER,Jean-Jacques. Le sacré. Paris: PUF, 2001(4ª edição).
+ As Leituras recomendadas a seguir (Ricoeur,David Gonçalves, Michel Leiris, H-R. Jauss umas referências mais palatáveis que a maioria das supra-listadas.
:
i) Estudar o mito (a Mitodologia) com os recursos da Hermenêutica Filosófica de Paul Ricoeur.
O enfoque principal passa assim a ser: A Simbólica do Mal, uma obra de Ricoeur condensada num setor do seu livro “O conflito das Interpretações(cf. n° 17 em nossa bibliografia),
ii) concretizar a busca de “schèmes”, arquétipos, símbolo, imagens, pela leitura de algumas páginas da novela “As sementes do sol” de Raimundo Carrero. OU de textos escolhidos pelos próprios alunos
iii) aprofundar no mês de abril a temática do mal, pela leitura comentada de Trechos significativos de O Sol dos Trópicos”romance de David Gonçalves no qual esta temática se encontra magistralmente orquestrada.
iii) Continuando refletir na primeira quinzena de maio sobre o livro de David Gonçalves, construir analogias entre situações deste e situações do seu corpus de dissertação ou tese, ou de um texto do seu projeto futuro.
iv) Observar os extratos do Livros
ção”Os textos de ficção de que partirão as nossas reflexões e análise são: , uma varredura de certas passagens que incitam à Mitodologia , e que se encontram pela na novela de Raimundo Carrero, As sementes do Sol , e que comentei um pouco no meu livro Cultura e Inclusão Social em Ariano Suassuna e Paulo Coelho (Editora da UFPE,2008);
2) em segundo lugar, e principalmente como foco de análise : “ Diversos Trechos”do belíssimo romance do paranaense David Gonçalves, O Sol dos Trópicos,(Joinville: Sucesso Pocket, 2010, WWW.dadid.gonçalves@uol.com.br . O livro acabou apenas de sair, recebeu aplauso da inteligentsia brasileira, mas haja visto o sua saída recente, a circulação é restrito, mas umas poucas cópias me são disponibilizadas graças à cortesia do Autor.( Mestre em Literatura, Editor , Ativista para com as bóias-frias, cujos trabalhos foram interditados pela Ditadura militar).
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Principalmente neste último texto, procederemos da maneira seguinte;
a) levantamento das imagens cósmicas, das reminiscências bíblicas, dos , personagens, das situações em que se dá a ler a problemática do mal
b) estabeleceremos redes de relações que facultam elaborar um discurso crítico sobre esta problemática, com o apoio de Ricoeur e das categorias da Mitodologia de Gilbert Durand.
c)Passaremos depois a observar atentamente como procede a Mitopoética a partir do Mito de Faust do seu nascimento pós-medieval até o primeiro pós-guerra do século XX (Mon Faust ou Faust III, de Paul Valéry), transitando por Goethe no século XIX (Faust, o Segundo Faust), deixando, porém, de lado a ópera de Berlioz e a ópera de Gounod. Lançaremos mão aqui de duas referências: O livro de Ian Watt que está na Bibliografia, (cf.supra) + um capítulo do livro de Hans Robert Jauss intitulado Pour une Herméneutique littéraire, :”Le Faust de Goethe et Le Faust de Valéry ( ou de La difficulté de mener à terme um mythe)”. Paris ,Gallimard,1988)..
d) Encerraremos a Poética do mal stricto sensu pela primeira parte do belíssimo estudo de Michel Leiris sobre o homem vencedor do mal simbólico, Espelho da tauromaquia, Cosac & Naify,São Paulo, 2007 (se encontra na Livraria cultura).
e) como corolário, ofereceremos como lembrança 3 estudos sobre o mito das origens, de onde saiu a Temática do Mal.
Embora esteja priorizado o material acima sugerido, para melhor coordenação da disciplina e evitar a dispersão, é aconselhado utilizar este material como fonte de inspiração ou de comparação para sua exposição pessoal. O professor considera o corpus de sua tese ou dissertação prioritário para qualquer exposição no âmbito das disciplinas que ministra.

Lendo, discutindo, refletindo sobre a parte de material que terá tempo de digerir e realizando uma ou duas resenhas para a sua exposição entre meio maio e 22 de junho, pode dar a sua missão pré-tese ou pré-dissertação ou pré-projeto como cumprida à nossa mútua satisfação.Esteja em paz.

Abraço a todos/(as).
Professor Sébastien, ]
Domingo , 14/03/2010.

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